Em 2008 o coreógrafo e bailarino Luiz Monteiro, num intervalo dos ensaios do espetáculo O Reino do Outro Mundo me disse que estava pensando em voltar a dançar e gostaria que eu fosse o diretor. Inclusive falou que estava iniciando uma pesquisa do Orixá Tempo.
No mesmo ano, sentimos que as novas idéias não circulavam e que pouco, ou nada, se publicava desses pensadores que não estão na mídia, nem na política e a companhia resolveu que faríamos uma revista.
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Foto: Vantoen Pereira |
Um ano depois, o coreógrafo e bailarino Elísio Pita, natural da Bahia, com uma carreira feita no exterior me confidenciou que estava pensando em voltar a dançar, estava sentindo saudades dos palcos.
Hoje, ano 2011, final do mês de Julho escrevo para o segundo número da Revista, depois de uma reunião com Luiz Monteiro sobre a montagem que estamos realizando sobre o Orixá Tempo. E me preparando para a reunião que vou ter amanhã via skype com Elísio Pita, com quem estamos montando um trabalho sobre Otelo com o qual voltará a dançar.
Enquanto isso a Revista Terreiro Contemporâneo está com mais de 2000 visitas, e penso nesse engraçado elemento chamado Tempo. As coisas acontecem no tempo de cada uma delas e não quando nós queremos. Ele, o tempo, flui num ritmo que a gente não consegue detectar, como diz o poeta Ferreira Gullar, “mais rápido no capital e mais lento nos legumes”. Coisas que eram aparentemente fáceis e aconteceriam de maneira natural em 2008 e 2009 precisaram desse tempo e, essa aparente espera foi, para dizer da verdade, o tempo de amadurecimento, de estudo, de pesquisa e sobre tudo o tempo de crescer e nos tornarmos adultos para essas determinadas coisas.
Num dos anos mais difíceis (2011), economicamente falando, para as artes em geral e em especial para nossa Companhia Rubens Barbot que, em Julho de 2010 um incêndio destruiu tudo e parecia que ali estava acabando, hoje, em Julho de 2011 está trabalhando como nunca, renascendo. Renascendo na montagem de “Tempo”, pronta e ensaiando, como na montagem de “Otelo”, que está começando, como renascendo também nas pesquisas para “Nascimento”, a nova coreografia de Rubens Barbot que terá sua interpretação. E continuamos renascendo, como na preparação do filme longa metragem “Territórios” de Allan Ribeiro, cujas filmagens começam em outubro, como na pré-produção de outros trabalhos, ainda sem nome para 2012.
Renascemos das cinzas e sem perceber, estamos fazendo a edição número dois da Revista com muitas colaborações – Nacional: fotógrafo Wilton Montenegro assina Carta á Ministra Ana de Holanda; a fotógrafa Marian Starosta expõe a obra ‘Iansã’; Claudia Ramalho na coluna Dançologia Negra sobre os 21 anos de luta da Escola de Mestre-sala, Porta-bandeira e Porta-estandarte Mestre Dionísio/RJ; o jornalista Carlos Maia entrevista a cineasta Jana Campos; Júnia Bertolino com artigo Dança Afro-brasileira; João Costa coluna Personalidades Negras: André Rebouças; a artista plástica Mariana Maia ensaio ‘Eis o marginal: como alguém se torna o que é’; - Internacional: colunista argentino da Revista Quilombo! Fabio Sambartolomeo com artigo Danças Afroargentinas de 1810 ‘Chica, calenda e bamboula… Já escutou esses nomes?’.
Enfim, tempo de renascer, fazer conexões, realizações, e dedicação. Muita dedicação! Tudo isso amparado pelo primoroso design de Verônica Luzia.
Á todos os colaboradores e leitores, nossos agradecimentos e fraternas saudações. Esta aí mais uma edição da Revista!
Axé e até Setembro!
Gatto Larsen