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Eros Volúsia (Heros Volúsia Machado- 1914/ 2004) foi uma dançarina brasileira nascida no Rio de Janeiro, aluna de Maria Olenewa na Escola de Bailados do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Escola Estadual Maria Olenewa. Estreou no Teatro Municipal e pouco depois podia ser considerada a inventora da dança brasileira. As danças místicas dos terreiros, os rituais indígenas, o samba, o frevo, o maxixe, o maracatu e o caboclinho de Pernambuco foram algumas das fontes de pesquisa artística da bailarina. Em uma de suas inúmeras entrevistas dadas à Revista O Cruzeiro, Eros Volúsia sintetizou sua missão artística: "Dei ao Brasil o que o Brasil não tinha, a sua dança clássica!"

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Cia Baobá de Dança – Minas buscam conhecimento africano Dacar (Senegal) e Guiné Bissau.

Cia Baobá
A Cia. Baobá de Dança - Minas vêm atuando a mais de 10 anos na cidade de Belo Horizonte - Minas  Gerais. São diversos trabalhos em faculdades, seminários, projetos sociais, teatros, escolas, centros culturais, festivais e fóruns. A Cia  Baobá  foi criada em 1999 por Júnia Bertolino, Willian Silva e Jorge África para estimular e propor no cenário das artes cênicas de Belo Horizonte a representação e valorização das matrizes africanas presentes na identidade do povo brasileiro, retratados através da dança, música, poesia e teatro, a partir de pesquisas sobre a esta presença no caldeirão da cultura nacional. Na carreira vem com os espetáculos de dança, intitulado ‘Ancestralidade: Herança do Corpo’, concebido, dirigido e coreografado por Júnia Bertolino, sendo que o penúltimo espetáculo da Cia Baobá é ‘Quebrando o Silêncio’.
 Nas montagens atuais apresentam os espetáculos ‘Corporeidades Negras’ e ‘Mulheres de Baobá’. Dentre as inúmeras atividades, ressalto a parceria com o Palácio das Artes na comemoração do Dia da Consciência Negra, sendo que em 2009 lançou o Prêmio Zumbi de Cultura premiando em 2010 várias personalidades que tem trabalhos relevantes de arte negra na cidade de Belo Horizonte e no Brasil.  Já nas comemorações de 315 anos de Zumbi de Palmares o prêmio foi confeccionado pelo artista plástico Jorge dos Anjos e contou com vários grupos e artistas mineiros.

A busca pelo conhecimento africano é fruto da participação ativa da Cia Baobá no cenário artístico de Minas, em discussões de políticas públicas de cultura, em atuações na Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, Movimento Cidade Jardim, também no Negraria - Coletivo de Artistas Negros (as) de Belo Horizonte e Coletivo Fórum de Performance Negra - Minas. Portanto, a pesquisa da Cia Baobá de Dança - Minas juntamente com as outras atividades impulsionaram-me na busca de novos conhecimentos na terra da mãe África. Assim, quero aproveitar este excelente espaço da Revista Terreiro Contemporâneo para discutir nossas raízes, cultura e laços identitários entre África e Brasil.
Entendi minha trajetória e porque tinha e esperar à hora certa para conhecer a África. É maravilhosa a riqueza  cultural de Mali, Mauritânia, Líbia, Angola, Burkina Faso, Camarões,  Guiné Bissau, Etiópia, Congo, Gana, Guiné Equatorial e Konacré, Jamaica, Nigéria, África do Sul e outros. Por isto, quero relatar um pouco da experiência de pisar pela primeira vez na terra africana em Dacar (Senegal) e Guiné Bissau durante os meses de dezembro e janeiro de 2011. Período marcante, pois acontecia o III Festival Mundial das Artes Negras e Culturas Negras. Cito rapidamente sobre a Cia Baobá de Dança - Minas que foi responsável por minha ida até a África, sobretudo a necessidade de mais pesquisa sobre nossa africanidade e estudos desta rica herança que foi reelaborada ou ressignificada nas terras brasileiras.
O III Festival Mundial de Artes Negras e Culturas Negras foi uma oportunidade peculiar de ver a diversidade cultural da África. Eu confesso no  primeiro  dia que assisti ao espetáculo de dança de Camarões e Guiné Bissau chorei igual criança. 
No Senegal o talento e a beleza, seja nas danças, ritmos e músicas com os grupos tradicionais e o Balé do Senegal. E ainda, os músicos, atores e cantores  que nasceram na África e estão na Europa divulgando a cultura africana. Os locais  histórica como Ilha de Gorée e a cidade de São Luís onde aconteceu o encerramento do festival foram paradas obrigatórias para que estivesse participando do terceiro festival. A participação de artistas brasileiros de renomes como Chico César, Margareth Menezes, Sandra de Sá e Ilê Aiyê, foram motivo de orgulho e alegria para os brasileiros. Além, de intelectuais como Kabengele Munanga, Petronilha Silva, Eliane Borges,Conceição Evaristo e outros participaram das mesas de discussões apresentando a realidade brasileira e seus desafios. Também nos representaram muito bem os artistas e  grupos (Mobassa, Cia de  Comuns, Será Q, Grupo de Congado de Itabira – Minas Gerais e Balé Folclórico da Bahia) e outros. Januário Garcia  mostrou a arte brasileira através da lente com registros fotográficos do povo negro na diáspora e no Brasil. Foram inúmeros shows  de artistas que  moram nos EUA, Cuba, Inglaterra, Índia, França e Brasil.
Amigos,  a  nossa história de fato nos foi negada... Estar ali vendo a riqueza de ritmos, corporeidades, vestimentas, pinturas, cabelos, cinema, moda, artes plásticas e  literatura. Foi  um presente precioso que Oxalá, Lemba e Olorum  me  deu! Pesquisar mais em  Guiné Bissau outro grande presente. O Grupo de mineiros que participaram do Festival Mundial das Artes e Culturas Negras foi organizado por Ibrahima Gaye (Cônsul Honorário do Senegal no Brasil em Belo Horizonte - MG) que contou com Marcos Cardoso, Cida Reis, Celso Moretti, Vinicius Carvalho, Rosangela Vila e Júnia Bertolino, que  resolveram custear  suas passagens para  ir no  Fesman 2010 na África. Ao declamar um poema e cantar uma música saudando a Mãe África, falando também da importância da cultura africana na identidade do povo brasileiro no III Festival Mundial de Artes Negras em Dakar (Senegal), tive o reembolso da minha passagem pelo presidente do Senegal Abdoulaye Wade, além de ter minha imagem vinculada na TV do Senegal no dia seguinte cantando declamando a cultura brasileira. Essa oportunidade de reembolso permitiu minha ida até Guiné Bissau onde pude pesquisar mais a cultura africana e dar uma oficina de samba e dança afro-brasileiro a pedido dos  guineenses, fazendo  assim  um  intercâmbio  Brasil/África. Essa estadia prazerosa em Guiné Bissau conquistou também o convite para Cia Baobá de Dança - Minas animar o carnaval 2011, a partir do secretário do estado Fernando Saldanha e o assessor Antônio Patrocínio que assistiu minha atuação junto ao presidente do Senegal Abdoulaye Wade representando o Brasil no encerramento do Fórum Mundial de Artes Negras em dezembro  de 2010.

Aprendizagens de Guiné Bissau!
A questão lingüística é muito importante para cultura e formação do legado da população de qualquer país. Por isto, foi importante a experiência da escuta e aprendizagem da língua natal deste país com desafios nas similaridades e diferenças. Na verdade são ‘Manga di cusas’ (muitas coisas - em criolo) língua falada em Guiné Bissau além do  português, aliás, muitos não falam, pois mais de 70% falam criolo. Aqui tem muito peixe! - ‘Bionda di Bissau sabi’ (a  comida de Bissau saborosa/ criolo). Odete  Semedo defendeu o mestrado em 2010 e lançou um livro lançado que apresenta a cultura guineense, a partir da riqueza da oralidade, ou seja, a narrativa africana. Ainda ressalta  os  conceitos  de ancestralidade e  memória, outros  saberes e a importância da cultura a partir da narrativa, do canto, ritmo, dança e vestimenta  das  mulheres  Manjuandades que  traz nos tecidos  a  poesia  e  a  contação de  história. Sendo que a comunidade ganha à vida com a tecelagem, os panos e a arte das cabaças. Em Guiné os grupos culturais como Balé Nacional de Guiné  Bissau, Ubuto, Netos de Bandim e grupo do Teatro do Oprimido contribuíram na minha aprendizagem sobre a riqueza da cultura africana.
Madiagne Diallo (responsável pela delegação brasileira no  III Fesman) providenciou as instalações  no Senegal e ajudou  muito  na  minha  permanência  em Senegal após  o festival e  a viagem  para  Guiné  Bissau, assim  como Maria Elisa Teófilo de Luna (embaixadora do Brasil no Senegal).
Guiné  Bissau  é  um país de rica tradição  cultural representada  em  tecidos,  pesca,  instrumentos musicais,  vegetais, músicas, religiosidade, artesanato e danças com várias  etnias vivenciando a diversidade cultural africana. Sendo  um  país  de  língua  portuguesa  assim  como  o  Brasil, gostam  muito  do  ritmo  samba e  da  cultura  brasileira.  Para chegar ao ensaio do Grupo Cultural Netos de Bandim em Guiné Bissau em 2011, contei com contribuição preciosa dos amigos Atcho Express (grande ator) com diversos trabalhos na cidade e Wilson (percussionista do Balé Nacional de Guiné Bissau). O incentivo de artistas da cidade como Dina Adão do espaço Hotel Rubim (local que ocorreu a oficina) e a pesquisadora Odete Semedo, aconteciam um intercâmbio Brasil e África. Participaram quatro integrantes do Grupo Cultural Netos de Bandim, foi um privilégio contar também com a participação de outros artistas que atuam no Balé Nacional de Guiné Bissau e Grupo Ubuto. Mas tarde fui convidada pelos jovens da comunidade de Bandim para assistir o ensaio do grupo. Lá em contato com o coordenador do grupo Ector Diógenes conheci a vasta cultura guineense. Ver maravilhada as crianças e jovens representar e vivenciar  a  arte  negra,  em   penteados,  vestimentas, cantos,  ritmos  e   danças.
Grupo Cultural Netos de Bandim vem ganhando por  seis anos o título de melhor grupo cultural do carnaval guineense. Este grupo apresenta nas ruas de Guiné Bissau as etnias Felupe, Fula,  Manjaca e  Bijagó.  Além de danças como Kampune e Kabaró. Nesta   comunidade   também  encontramos as Mulheres Manjuandades com sua cultura peculiar da  Dina (cabaça) tocado dentro de uma bacia com água. Acompanhada  com diversos instrumentos como xiquerês, atabaques e  as  madeiras  nas  mãos  das  mulheres  que  tocam, cantam  e   revezam na  dança. A  cultura do Dina abriga uma tradição ancestral.  Além  dos  cantos e  tecidos   que   estão  traduzindo a história  daquela  etnia, valores  do  povo  guineense, apresentando diversidade de  ritmos.  Essa comunidade é  localizada  em  um  bairro  chamado  Bandim que  deu  origem  ao  nome  do  grupo em Guiné  Bissau. Portanto, participar  do  aprendizagem  de Guiné Bissau  é  enriquecedor para  trajetória  da Cia  Baobá de Dança - Minas, fortalecendo  assim  os  laços identitários  Brasil e  África.    
                                                                                                                    
Júnia Bertolino
Cia  Baobá de Dança – Minas
(31) 99176762  ou  3467-6762