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Eros Volúsia (Heros Volúsia Machado- 1914/ 2004) foi uma dançarina brasileira nascida no Rio de Janeiro, aluna de Maria Olenewa na Escola de Bailados do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Escola Estadual Maria Olenewa. Estreou no Teatro Municipal e pouco depois podia ser considerada a inventora da dança brasileira. As danças místicas dos terreiros, os rituais indígenas, o samba, o frevo, o maxixe, o maracatu e o caboclinho de Pernambuco foram algumas das fontes de pesquisa artística da bailarina. Em uma de suas inúmeras entrevistas dadas à Revista O Cruzeiro, Eros Volúsia sintetizou sua missão artística: "Dei ao Brasil o que o Brasil não tinha, a sua dança clássica!"

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COMO AS CONEXÕES SE DÃO

Em 2008 eu, Elisio Pitta, estava em meio à pré-produção de um dos meus “sonhos acordados”, como costumo chamar alguns dos meus grandes projetos. O I Encontro Internacional de Dança Negra – EIDAN. Projeto onde, mais uma vez, iria congregar velhos amigos, parceiros, colaboradores de longas datas, novos amigos e, inclusive, alguns que eu não sabia que já eram meus amigos.

Por coincidência, dois dos meus eternos amigos, parceiros irmãos, Mestre Clyde Morgan, um dos ícones da dança negra internacional e nacional, e sua esposa Laís Morgan, estiveram no Rio algumas semanas antes de chegarem à Bahia em suas férias anuais. E Laís, entre tantas novidades, comenta sobre ter assistido um grande espetáculo no Rio, o da Cia. Teatro de Danças Rubens Barbot, perguntando se eu conhecia. Eu prontamente disse: ‘Não! Mas quero conhecer. ’
E foi assim que esses homens - Barbot e Gatto, por terem frequentado nos idos anos 80 e 90 as Oficinas Nacionais de Dança Contemporânea, importante encontro artístico internacionail no Brasil, já nos eram velhos fregueses da terra. Saudosa Oficina! Circulavam entre nós alguns mortais, que hoje os considero imortais como Mário Gusmão, Alvin Ailey, Maurice Bejart, Joe Alegado, Denilton Gomes, Arthur Hall, Thales Pan Chacon, dentre outros. Além dos heróis que até hoje nos brindam com suas presenças em legados inquestionáveis como: Jorge Watusi, Ismael Ivo, Aparecido Mazagão, Negrizú e Mestre King. Assim como, os lendários grupos: Odundê (Conceição Castro e Isaura Oliveira - 1981), Balé Rural (Marcelo Moacyr – 1981), Gnomo (Dailton Araújo – 1982), Chama (Augusto Olmulu – 1983), Salto (Margareth Azevedo – 1984), África Poesia (Armando Pekeno – 1985), Frutos Tropicais, Dança Jornal e outros.
Aquela pergunta ficou martelando em minha mente, por alguns dias. Então peguei o telefone liguei pro Rio para falar com Gatto, diretor de produção da Cia. Surpreso com o seu sotaque argentino, ao mesmo tempo percebendo uma sincronia imediata, os convidei para participar do EIDAN. E para minha surpresa, eles prontamente aceitaram o chamado. Assim sendo, este acabou se tornando o marco inicial de uma sincera amizade, que acredito, já existia no cosmo.
E para sintetizar essa longa história, a partir daí, redescobrimos a nossa secular parceria e não nos largamos mais desde então. Atualmente estamos colaborando na recriação da peça Otelo uma peripécia dramatodançante que me trará de volta aos palcos como intérprete-criador depois de 10 anos atuando como coreógrafo e diretor artístico.

Na minha visão, Rubens Barbot é um dos grandes expoentes da Dança Negra Contemporânea do Brasil. Um senhor de inquestionável talento e generosidade artística, para com a sua raça e seu legado. Além de um verdadeiro guardião e transformador da cultura negra nacional. Sujeito acionador, ele nos mostra hoje a cara de amanhã, o que viveu ontem. Ou seja, ele é a tradução, ao mesmo tempo em que, é o futuro da dança negra brasileira.
Salvador, dezembro de 2011.

Elisio Pitta e Silva
Coreógrafo e Diretor Artístico